sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A vida feliz para Santo Agostinho x A vida feliz para o mundo de hoje

Em um mundo onde cada pessoa é única, encontraremos também opiniões, crenças e pensamentos diversos sobre vários assuntos, mas, em uma coisa todos - eu disse TODOS - tem uma coisa em comum: o desejo de ser feliz. Não encontraremos nenhuma pessoa neste mundo que não queira ser feliz, nem que seja por um instante, todos procuram a felicidade. Assim,sabendo que cada pessoa tem consigo o desejo de ser feliz, esse desejo não é o mesmo entre todos. Cada um tem a sua maneira de ser feliz ou alcançar a felicidade; uns são felizes cometendo delitos, outros enganando e há aqueles que buscam a felicidade mas, não sabem o que realmente seja ser feliz. Dessa maneira suscita-se em nós algumas perguntas: O que é realmente ser feliz? Qual a verdadeira felicidade? E ainda uma outra: Porque desejamos tanto a felicidade?

Segundo Santo Agostinho a vida feliz consiste em possuir a Deus, como ele mesmo relata em seu livro Confissões : A vida feliz consiste em nos alegrarmos em Vós, de Vós e por Vós. Eis a vida feliz, e não há outra. os que julgam que existe outra apegam-se a uma alegria que não é a verdadeira." (Conf. X,22,32) Agostinho não chega a essa conclusão de uma forma arbitrária, baseada em "achismos", ela é fruto de uma intensa reflexão sobre a sua própria experiência pessoal. Mas antes de chegar a esta conclusão, uma outra pergunta inquietava a Agostinho: Como procurar, então, a vida feliz?(Conf. X,20,29)
Para responder a esta pergunta, Agostinho parte da memória, que segundo ele é o "ventre da alma". A memória é para Agostinho de suma importância, pois é ela que armazena tudo o que é captado por nossos sentidos de uma forma organizada, mesmo aquelas lembranças mais antigas estão devidamente guardadas em nossa memória. E não só o que é captado pelos sentidos mas também as ciências que são captadas por nós através do nosso intelecto e que também são armazenadas em nossa memória. Essa importância que Agostinho dá a memória no Livro X das Confissões não é por acaso, afinal se procuramos e desejamos tanto ser feliz, é porque esse desejo está em nossa memória. Mas como? Agostinho então cita o Evangelho de S. Lucas Cap. 15 vers. 8, que fala da mulher que tendo dez dracmas, ao perder uma, procura a dracma perdida e não descansa até encontrá-la. Ele cita este texto para afirmar que se a mulher não se recordasse de sua moeda jamais poderia encontrá-la. Da mesma forma, a vida feliz que tanto procuramos, como a mulher que no Evangelho procura a Dracma, deve estar também em nossa memória como a dracma perdida. O problema está em saber como esse desejo por essa vida entrou nela, pois como Agostinho diz não pode ter sido através dos sentidos pois a felicidade não é um corpo, e nem como as ciências pois estas ao recebermos em nosso intelecto não a desejamos, ao contrário da vida feliz que desejamos possuir.
A resposta encontrada por Agostinho para essa questão que vem de sua influência platônica, é que esse desejo pela felicidade e outras idéias que possuímos, desde nossa infância,estão em nós de uma forma inata, e que apenas nos recordamos delas no decorrer de nossa vida. A novidade que Agostinho propõe é que essa lembrança é feita através de uma iluminação divina, ou seja, Deus em sua infinita misericórdia, concede á aqueles que o procuram o caminho, a direção, pois o homem por si só não é capaz de encontrar a Deus, a vida feliz.
Em nossos dias a procura pela felicidade está associada a prosperidade, o que não é nenhum erro desejar possuir bens para que possam tornar a nossa vida um pouco mais confortável, o problema está na importância que damos a este desejo. Em um mundo passando por uma grave crise financeira com milhares de pessoas no mundo inteiro perdendo seus empregos, a procura por Deus e sua misericórdia está em destaque. A idéia de que uma vida feliz está associada a posse de bens, distorce a idéia de vida feliz proposta por Santo Agostinho. Agostinho procurava uma verdade, uma felicidade que não perece, que não desapareça com tempo, procurava a Deus. Confiava a Ele todas as suas necessidades e principalmente suas conquistas, hoje em dia as pessoas não conseguem mais confiar em Deus e por que? Pelo fato de que as pessoas se espelham naqueles que são prósperos, seguem modelos humanos de felicidade e prosperidade, aliando às conquistas destas pessoas a posse de Deus. Sendo assim aqueles que ainda não as possuem, ainda precisam se doar mais, acreditar mais, como se Deus precisasse de nossas orações para fazer a nossa vontade.
Portanto, para Santo Agostinho a vida feliz, como dito acima, consiste na posse de Deus. Para o mundo consiste na posse de bens. Deus para Agostinho está em um caráter principal, dele provém tudo, ao contrário, para o mundo Deus está em um caráter secundário, onde a confiança em Deus em momentos difícieis parece algo possível de se conseguir, a confiança que o dinheiro e a posse de bens nos traz parece sufocar a posse de Deus. A grande diferença está em que a posse de bens está condicionada ao momento, hoje temos amanhã ninguém não se sabe. A posse de Deus é perpétua, não sofre abalos nem incertezas. Se a filosofia de Agostinho, para muitos não é a melhor, é pelo menos mais segura. E para você, o que é ser feliz?

2 comentários:

  1. É buscar o Deus verdadeiro e único, já que politeísmo não nos leva a felicidade.

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  2. É viver no e para a amor de Deus, já que esse amor é sem medida e é divino.

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