segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O que esperar de Obama?

O mundo está em clima de oba-oba com a posse do novo presidente norte-americano! E Obama (imagem à esquerda) já é, de certa maneira, um fenômeno. Negro em uma sociedade fortemente marcada por um histórico de segregação racial, tornou-se o líder principal da maior potência econômica do mundo. Mas o que os homens de coração progressista, já estafados com o conservadorismo de George W. Bush, podem esperar do governo de Barack Obama? Acreditar que o novo presidente será um revolucionário salvador da humanidade é bobagem. Obama não vai acabar com o imperialismo; não será amigo muito menos parceiro ideológico de Hugo Chávez e Evo Morales, ambos muito mal vistos pela população norte-americana. Também não concederá de mão beijada à Cuba o fim do embargo iniciado em 1962, repudiado por 192 países na Assembléia Geral da ONU realizada no fim do ano passado. Tampouco irá aposentar completamente a retórica anti-terrorismo, típica do seu antecessor. Contudo, embora não na medida em que gostaria a esquerda ao redor do mundo, podem os progressistas de toda parte esperar certas mudanças. Podem contar, sobretudo por conta da crise, com um Estado mais presente nas questões da economia, em contraposição ao estilo extremamente não-intervencionista (e, diga-se de passagem, o culpado pela atual situação dos EUA) dos republicanos. Em relação ao nosso continente, pode-se esperar um desacirramento da rivalidade e da tensão existente entre o governo norte-americano e os governos esquerdistas da América Latina. Chávez, que em diversas ocasiões chamou Bush de "demônio", foi bem mais elogioso ao falar de Barack Obama. Mesmo Lula manifestou, quando Obama era ainda candidato à presidência, sua preferência pelo político democrata. Com Cuba o aumento da possibilidade de diálogo se dá não apenas pelo fato dos democratas terem chegado à Casa Branca, mas também por Fidel Castro ter recentemente deixado a presidência da ilha, abrindo margem para um clima de renovação que poderá posteriormente culminar numa abertura lenta e gradual do regime cubano.

Foto: Raúl Castro (presidente de Cuba) com Hugo Chavéz (presidente da Venezuela). Qual deverá ser a relação do presidente Barack Obama com a esquerda latino-americana?

Sobre o Oriente islâmico, Obama irá manter o pé atrás com países como o Irã. Contudo, ao contrário do que aconteceu quando George Bush estava no poder, nenhum país será invadido e, de pouco em pouco, a desastrosa guerra contra o Iraque irá chegar ao fim. Muito provavelmente o espírito de alarmismo anti-terrorista da população (sempre muito reforçado por George Bush) será suavizado na gestão Obama. Mas e quanto aos escandalosos problemas sociais existentes fora dos EUA? Em seu discurso de posse, Obama afirmou que "nós (eles, os americanos) não podemos ser indiferentes ao sofrimento existente fora de nossas fronteiras". Agora é torcer para que o novo presidente leve isto realmente à sério.

Rafael Issa é graduando em Filosofia pela Universidade de São Paulo e formado em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo.

Um comentário:

  1. Concordo perfeitamente! Aliás eu penso que o mundo está utizando essa "Obama mania" para mudar o foco das preocupações, como por exemplo, o desemprego que nos EUA vem subindo mês após mês. Empresas como a Microsoft, que é nada mais nada menos se não a maior uma das maiores empresas do mundo está enxugando o seu quadro de funcionários no mundo todo, o que não deixa de ser um momento oportuno pois esta notícia foi ofuscada pela posse do novo presidente americano.
    No mais, eu só gostaria de dizer que Obama não foi muito bem na valsa, errou alguns passos básicos como aquela rodadinha tradicional, que nas festas de 15 anos em que sou convidado (e olha que são muito poucas, pobre não faz festa de 15 anos!!!) é um adereço indispensável para os amantes da valsa.

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