sábado, 22 de agosto de 2009

Dicas de Livros

DIÁLOGOS CRIATIVOS, Domenico de Masi e Frei Betto - PEDAGOGIA

Sinopse: Domenico De Masi e Frei Betto debatem sobre alguns dos temas da pós-modernidade do avanço tecnológico à sociedade de consumo, da educação à filosofia, da teologia à política. Com pontos de vista ora coincidentes, ora conflitantes, mas muitas vezes complementares, ambos oferecem uma explanação sobre os rumos da humanidade, questionando de que forma as escolhas do presente estão construindo o amanhã que se anuncia. Mediado pelo psicanalista e educador José Ernesto Bologna.

"Agora alguns educadores - mas isso, infelizmente, ainda vai demorar a chegar no corpo escolar - estão descobrindo o que chamo de visão holística da educação. Educar não é formar um profissional qualificado, é formar um ser humano qualificado. Nesse sentido, a escola tem que saber se inserir no convívio social, mas também saber nos educar com um olhar crítico perante essa sociedade. Se a escola não for um laboratório de análise crítica da sociedade, ela estará fadada a ser uma mera reprodutora do sistema".

SOBRE A ESPERANÇA, Mario Sergio Cortella e Frei Betto - FILOSOFIA

Sinopse: Por que ter esperança de que 'dias melhores virão'? Em que se basear para acreditar que 'amanhã será um lindo dia / da mais louca alegria', como diz a música? Frei Betto e Mario Sergio Cortella nos apresentam sendas e clareiras sobre o tema. Um caminho - se você quer ter perspectiva de futuro, conheça o passado - analise sua história pessoal, a história de sua família, de seu país. Uma clareira - na realidade massacrante em que estamos imersos, na qual imperam o consumo, o individualismo e a fugacidade, revolucionário é aquele que se mantém fiel a si mesmo, que tem a noção de pertencimento a um grupo, que é capaz de ser solidário. Em suma, é preciso resgatar o sentido original da expressão ser humano e fazer jus a ela em nossas ações, no cotidiano. Uma luta silenciosa (e que pode até ser lírica), mas que certamente requer o uso de toda a nossa capacidade de ter esperança.

"Com a queda do Muro de Berlim, a unipolaridade, a imposição desse modelo globocolonizante que está aí, o desemprego, tudo isso esgarça os tecidos de inter-relação que possibilitam a mobilização para um futuro melhor. Acho que hoje está se criando um caldo de cultura muito favorável à desesperança, em virtude da impotência, da incapacidade, da crença de que não vale a pena - ´para que eu vou me arriscar? Não vou me dar bem mesmo...´. Por esse motivo, temos mais dificuldades de incutir nas novas gerações um projeto comunitário ou coletivo em prol da esperança. Acho que esse é o desafio".

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA Saberes Necessários À Prática Educativa, Paulo Freire - PEDAGOGIA

Sinopse: 'Pedagogia da autonomia' é um livro que condena as mentalidades fatalistas conformadas com a ideologia imobilizante de que 'a realidade é assim mesmo, que se pode fazer?' Para estes, basta o treino técnico indispensável à sobrevivência. Para Paulo Freire, educar é construir, é libertar o ser humano das cadeias do determinismo neoliberal, reconhecendo que a História é um tempo de possibilidades. É um 'ensinar a pensar certo' como quem 'fala com a força do testemunho'. É um 'ato comunicante, co-participado', de modo algum produto de uma mente 'burocratizada'. No entanto, toda a curiosidade de saber exige uma reflexão crítica e prática, de modo que o próprio discurso teórico terá de ser aliado à sua aplicação prática.

"Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que a minha passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabelecida. Que o meu ´destino´ não é dado mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo".

Rafael Issa é graduando em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP) e formado em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

domingo, 16 de agosto de 2009

Um pouco de humor...... A bíblia em nove minutos

Cada um tem a sua crença. Isso é fato, seja ela qual for o homem este é livre para escolher em que crer e se quer crer em algo. Cada vez mais me convenço de que existe gosto para tudo, ou seja, aquela estória de que: "toda panela tem a sua tampa" ganha cada vez mais o meu apreço, principalmente após este vídeo que recebi por e-mail (aliás a postagem dele se deve - e muito! - a insistência da minha namorada) e que gostaria de compartilhar com meus amigos que leêm este blog.....
Infelizmente, no mundo em que vivemos temos poucos momentos para rir... mas eles existem!!!!
Também não posso afirmar a veracidade deste vídeo, mas não duvido de que existam pessoas assim. Entretanto, se alguém possui alguma dúvida sobre a bíblia, a hora de aprender (ou não!!) é agora...
Relaxem, não é nenhuma crítica, é só pra rir um pouco...... Ligue o áudio!


terça-feira, 11 de agosto de 2009

Brasil - Assepsia moral nas salas de aula

Texto do professor Domingos Zamagna* para o site Adital, analisando o atual cenário da educação brasileira.

Dentro de mais alguns dias os professores retornarão às salas de aula.

O reinício dos semestres nem sempre é tranquilo numa instituição educacional. Uma das razões de desconforto são as demissões feitas durante o período de férias, quando as escolas estão desmobilizadas.

Algumas instituições de educação aprimoraram-se, requintaram-se no processo de demissão. Aguardam até o último momento consentido pela legislação, deixam que os professores participem do planejamento do semestre, corrijam as provas, preencham e entreguem seus diários de classe e algumas horas depois, nem mesmo isso, às vezes ato contínuo, entregam-lhe o aviso de demissão. Outras expedem um telegrama, calculado para ser recebido quando o professor chegar em casa. Nenhum esclarecimento. Procurar o diretor? Obviamente ele já não está mais na instituição. Fica de plantão um preposto, para confirmar o fato, acrescentar que lamenta, quem sabe no futuro se reencontrarão, afinal o país passa por uma crise etc. Além disso, é de praxe dizer que nos questionários de revisão do semestre - sempre inacessíveis - o professor não foi bem avaliado. O(s) preposto(s) sabe(m) o que são os ossos do ofício, enquanto aguarda(m) a promoção. O script é surrado.

A dor causada por estes procedimentos é sempre profunda; mais intensa, porém, quando se trata de escolas confessionais, especialmente as católicas, que são as que conheço melhor. Se algumas são excelentes, outras ainda são anacrônicas ou persistem em alicerçar-se sobre paradigmas completamente falidos. É uma tristeza constatar que existem escolas que estão descuidando da educação para se tornarem casernas, arenas de práticas de competição e concentração de poder.

Antigamente, quando convencidos de ilícitos ou injustiças, estudantes e professores protestavam, cobravam explicações, faziam a direção expor a própria cara. Hoje eles são de tal modo intimidados, manipulados, inclusive por uma calculada política de bolsas de estudos e planos de carreira, que não se pode esperar nenhuma forma de solidariedade, sob pena de punição.
Isso ainda é pouco. Um professor não é somente um profissional do ensino. Cada vez mais frequentemente ele é solicitado a completar ou até mesmo suprir, em sala de aula, o dever inalienável da família, a educação. Pois nem sempre um adolescente ou um jovem tem uma família que o apoie.

Que esperanças um professor pode oferecer a uma juventude já tão castigada? Como incentivar adolescentes e jovens na vida de estudos, na busca da competência profissional, na assunção dos valores que farão dele um cidadão? Qualquer esforço do professor direcionado nessa linha encontrará em nosso país, atualmente, um desmentido prático. Os jovens que têm os olhos abertos deparam-se com um cenário alucinante. As pessoas que eles e seus pais ajudaram a eleger para nos representar no Parlamento estão dando o pior exemplo possível em matéria de incompetência, omissão, corrupção, nepotismo, empreguismo, fisiologismo, falsidade, absenteísmo, peculato, mentiras, roubos, lavagem de dinheiro, vaidade, ostentação, apego aos cargos, desperdício etc.

Até quando vamos conseguir sorver tanto espanto e decepção diante da fileira quotidiana de denúncias?

Se neste ano recomeçaremos o semestre com o pesado complicador de uma nova gripe mortífera, paira sobre nós também outro decepcionante e onipresente fardo, o péssimo exemplo dos mais altos graus da hierarquia da República, que nos últimos tempos se mostram cada vez mais dispostos a blindar aliados espúrios, ignorar as críticas construtivas, acobertar crimes, minimizar erros, aliar-se ao que há de mais decrépito na nação, desautorizar os esforços de implantação da ética na política.

Para o bem e a proteção dos estudantes, os professores precisam estar atentos para a assepsia contra o vírus da gripe A H1N1 nas escolas. Mas precisam impedir que entre na sala de aula, e banir para bem longe do processo educacional, um outro vírus devastador: o exemplo da podridão moral que vem de cima.


* Jornalista e professor de Filosofia em São Paulo