Raramente fazemos este tipo de pergunta a nós mesmos, um dos vários motivos para que isso aconteça pode estar no enorme orgulho humano de achar que está sempre fazendo a coisa certa. Costuma-se fazer este tipo de pergunta ao outro, aquele que vemos que está “errado”, que certamente irá se dar mal ao final de uma ação qualquer. Enfim, a pergunta continua no ar: o que estamos fazendo?
Hannah Arendt, no prólogo de seu livro A condição humana1, pretende fornecer uma das muitas respostas a esta pergunta, que apesar de simples em sua formulação a resposta para ela não é – e nunca foi!!!! - algo tão fácil de se responder. Contudo, se ela não se sentiu capaz de fornecer uma resposta cabal a esta pergunta tão complexa em seu livro eu também não responderei, porém não posso negar o convite de refletir sobre ela e, principalmente sobre o caminho que a autora percorreu em seu valioso prólogo até chegar a esta pergunta.
Segundo Arendt, o envio de um satélite2 e a sua permanência na órbita da terra durante alguns dias foi fundamento que o homem precisava para que, em um futuro distante, pudesse viver fora deste planeta. Entretanto, esta conclusão deveria estar em último plano, pois havia outras coisas mais importantes para se comemorar, como por exemplo, o estágio tecnológico avançado sobre o qual o homem havia chegado, destacando assim a força criadora do homem. Ela destaca ainda que desde Platão, que afirmara que o corpo humano é a prisão da alma impedindo-o de contemplar o mundo das idéias, o homem traz consigo esta idéia de libertar-se deste mundo.
Hannah Arendt, no prólogo de seu livro A condição humana1, pretende fornecer uma das muitas respostas a esta pergunta, que apesar de simples em sua formulação a resposta para ela não é – e nunca foi!!!! - algo tão fácil de se responder. Contudo, se ela não se sentiu capaz de fornecer uma resposta cabal a esta pergunta tão complexa em seu livro eu também não responderei, porém não posso negar o convite de refletir sobre ela e, principalmente sobre o caminho que a autora percorreu em seu valioso prólogo até chegar a esta pergunta.
Segundo Arendt, o envio de um satélite2 e a sua permanência na órbita da terra durante alguns dias foi fundamento que o homem precisava para que, em um futuro distante, pudesse viver fora deste planeta. Entretanto, esta conclusão deveria estar em último plano, pois havia outras coisas mais importantes para se comemorar, como por exemplo, o estágio tecnológico avançado sobre o qual o homem havia chegado, destacando assim a força criadora do homem. Ela destaca ainda que desde Platão, que afirmara que o corpo humano é a prisão da alma impedindo-o de contemplar o mundo das idéias, o homem traz consigo esta idéia de libertar-se deste mundo.
O grande problema para o homem é que este mundo e suas características é, deveras, singular em toda a galáxia. Nenhum outro planeta oferece as condições necessárias de sobrevivência que um ser humano necessita para viver. A pergunta é: Porque então abandoná-lo? Para que? Seria porque o homem quer sempre evoluir, dar um passo além, ultrapassar a si mesmo repetindo ainda que de forma distante, a história bíblica do pecado de Adão e Eva que foram expulsos do paraíso por comerem o fruto proibido, atraídos pelo discurso da serpente que dizia: “ ... no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses (grifo meu), conhecedores do bem e do mal.” (Gen 3,5)
Qual seria a causa do pecado original: a fala da serpente, que seduziu Adão e Eva ou a falta de reflexão?
A pergunta que me surge é a seguinte: Em que mundo viveríamos se Eva refletisse antes de comer a maçã? Da mesma forma, qual seria o destino dos homens se Adão tivesse refletido e negado quando lhe foi oferecida a fruta? Pode-se perceber que, vivemos uma época em que todos pedem incessantemente um mundo melhor, onde não exista violência e conseqüentemente tenha paz; porém enquanto muitos pensam nas mais variadas formas, é no exercício da reflexão que poderemos mudar o mundo. Fazendo com que esta prática seja constante desde as primeiras séries até a conclusão do ensino médio.
O problema é que a reflexão é um perigo para aqueles que governam o país; imaginem se todos os brasileiros refletissem antes de votar, ao invés de uma pequena parte. E por mais que pareça absurdo o que digo, os resultados estão aí para provar: será que quem votou em Clodovil (que Deus o tenha!), Frank Aguiar, Netinho de Paula, Paulinho da força, entre outros que da até arrepio lembrar, será que houve reflexão nestes votos? Algum leitor pode me contestar se me disser qual projeto estes os quais citei foi levado para votação, projeto esse útil ao povo? A política une-se de certo modo ao avanço científico, que torna os homem “deus”, dando a ele a esperança de um dia fixar morada fora deste mundo que é, segundo Arendt “a própria quintessência da condição humana” (ARENDT, 10). Afinal, este mundo está sendo tomado pelas máquinas, que facilitam a vida dos seres humanos, mas por outro lado, danificam e poluem a natureza. Qual o benefício? Pode ser este, enfim, o motivo, previsto pela autora que impele o homem a preferir viver de forma artificial em outro planeta a viver neste de forma natural: a degradação do planeta. Este é o preço a ser pago por tamanha evolução, onde máquinas substituem humanos com suas linguagens cada vez mais complicadas e obscuras, reservadas a poucos, transformando o homem em “criaturas desprovidas de raciocínio, a mercê de qualquer engenhoca tecnicamente possível...” (ARENDT,11).
O problema é que a reflexão é um perigo para aqueles que governam o país; imaginem se todos os brasileiros refletissem antes de votar, ao invés de uma pequena parte. E por mais que pareça absurdo o que digo, os resultados estão aí para provar: será que quem votou em Clodovil (que Deus o tenha!), Frank Aguiar, Netinho de Paula, Paulinho da força, entre outros que da até arrepio lembrar, será que houve reflexão nestes votos? Algum leitor pode me contestar se me disser qual projeto estes os quais citei foi levado para votação, projeto esse útil ao povo? A política une-se de certo modo ao avanço científico, que torna os homem “deus”, dando a ele a esperança de um dia fixar morada fora deste mundo que é, segundo Arendt “a própria quintessência da condição humana” (ARENDT, 10). Afinal, este mundo está sendo tomado pelas máquinas, que facilitam a vida dos seres humanos, mas por outro lado, danificam e poluem a natureza. Qual o benefício? Pode ser este, enfim, o motivo, previsto pela autora que impele o homem a preferir viver de forma artificial em outro planeta a viver neste de forma natural: a degradação do planeta. Este é o preço a ser pago por tamanha evolução, onde máquinas substituem humanos com suas linguagens cada vez mais complicadas e obscuras, reservadas a poucos, transformando o homem em “criaturas desprovidas de raciocínio, a mercê de qualquer engenhoca tecnicamente possível...” (ARENDT,11).
O que estamos fazendo? Será que os países que enriquecem o urânio refletem sobre isso? Parece que não, e o pior de tudo é que a falta de reflexão deste, faz com que os outros países fiquem em alerta, preparados sempre para o pior. Arendt, lembra que esta mesma política conciliadora que procura acalmar os ânimos dos países envolvidos no enriquecimento de urânio, são os mesmos que o utilizaram em prol da destruição que agora eles querem evitar. Arendt (pg.12), destaca que os cientistas não refletiram que ao criar a fórmula para sua criação, esqueceram que eles seriam os últimos a serem consultados sobre a forma que ela deveria ser utilizada.
E é por isso que a ciência precisa da filosofia, muito mais do que a filosofia precise da ciência. E mais, chego a conclusão de que uma reflexão pode ser capaz de salvar uma vida.
Quer salvar uma? Comece agora, refletindo sobre esta pergunta: o que você está fazendo?
E é por isso que a ciência precisa da filosofia, muito mais do que a filosofia precise da ciência. E mais, chego a conclusão de que uma reflexão pode ser capaz de salvar uma vida.
Quer salvar uma? Comece agora, refletindo sobre esta pergunta: o que você está fazendo?
1 - Ed. Forense Universitária. 10° Ed. Rio de Janeiro
2 - Ela se refere ao lançamento do satélite SPUTNIK, em 4 de outubro de 1957 pela União Soviética.